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COM SÍNDROME DE USHER
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ENTREVISTAS
12/2024
Ivanilda Alves Vasconcelos
Para este mês de Dezembro, a entrevista é com a pedagoga Ivanilda, 62 anos, mineira de Riacho dos Machados e hoje residente em Janaúba, Minas Gerais.
Ela nos conta como começou sua carreira pedagógica e ao mesmo tempo teve experiência em trabalhos com pessoas com deficiência visual e mais tarde com surdocegos, inclusive com pessoas com Síndrome de Usher.
Confira abaixo, mais detalhes sobre sua trajetória profissional!
1) Ivanilda conte para nós como você começou a sua carreira profissional, porque se inspirou nesta profissão.
Iniciei a minha carreira profissional em 1998 numa escola de ensino especial, APAE de Janaúba, na época não havia sala para pessoas com deficiência visual, como tinha alguns alunos com cegueira eu fiz um curso básico e em 1999 abrimos a primeira sala de alfabetização em Braille, fui me especializando fazendo vários cursos no Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro e também na Fundação Dorina Nowill em São Paulo, pois aqui não tinha ninguém com conhecimento nesta área, trabalhei com alfabetização e reabilitação da escrita,
Soroban, orientação e mobilidade, estimulação visual e no momento trabalho com prótese ocular.
2) No caso era só você que era especialista com pessoas com deficiência visual? Como chama a instituição que você trabalha?
Só tinha eu para trabalhar com todos , trabalhava com Braille, Soroban, orientação e mobilidade. A sala era na APAE de Janaúba, hoje Centro Especializado em Reabilitação, CER IV.
Hoje atende todas as modalidades em reabilitação: visual, auditiva, intelectual e física.
3) E aproximadamente quantos alunos com deficiência você tinha na sala de aula?
Iniciamos com 10 alunos, hoje, atendemos toda região Norte de Minas, já passou mais de 1.000 pessoas pelo nosso serviço.
Temos uma equipe especializada para os atendimentos com os seguintes especialistas: Oftalmologista, Fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional, Psicopedagoga, Psicóloga, Fisioterapeuta Ocular, Nutricionista, Enfermeira, Técnico em prótese ocular, Técnico em Orientação e Mobilidade e Assistente Social.
4) E em relação a alunos surdocegos, como foi a sua experiência como com eles?
Os alunos com Surdocegueira ,foi e está sendo um desafio, pois em alguns casos precisamos de intérpretes no momento do atendimento, como não temos, o familiar que acompanha nos auxilia fazendo este trabalho, pois não temos ainda um intérprete para surdocego na equipe.
5) Quando você começou o seu trabalho com pessoas com deficiência visual, você tinha ouvido falar da síndrome de Usher ou não?
Na verdade, no início eu nem conhecia trabalho com pessoas cegas, com a síndrome de Usher eu conheci bem depois. Eu iniciei como um desafio pra mim mesma pois achei interessante e diferente.
6) Então, hoje o atendimento às pessoas surdocegas são mais personalizadas?
Sim, temos pessoas que ainda ouvem um pouco com aparelho e aprendem o braille, e quem não ouve, mas já sabe libras e precisa de intérprete e faz o braille.
7) Até aqui falamos dos seus desafios em relaçãoi às pessoas com deficiência visual e com surdocegueira. Fale para nós também sobre suas conquistas na área pedagógica.
Durante este período eu procurei fazer todos os cursos que contribuía para a melhoria da qualidade do trabalho com as pessoas com deficiência visual e melhoria do currículo, difícil por fazer cursos distante e sem outros profissionais para ajudar, trabalhei também ministrando aulas em cursos de professores e de pós graduação com ensino especial.
8) Ivanilda, você acha que se tornou uma pessoa melhor depois que passou a trabalhar com alunos com deficiências?
Com certeza, é um trabalho gratificante e sempre falo que só permanece aquela que trabalha com amor, temos muita dificuldade até de encontrar
pessoas que querem aprender para trabalhar, pois sempre falam que é muito difícil, eu pelo contrário, não quero parar, enquanto puder quero sempre aprender mais para contribuir com ensino, vejo o quanto saem felizes cada dia que aprendem ou quando melhora autoestima com uso de uma prótese ocular que colocou.
9) Ivanilda, qual mensagem que você deixa para as pessoas com surdocegueira, inclusive pra pessoas com síndrome de Usher?
Desistir nunca, tudo depende do esforço de cada um, temos tanta eficiência que o que faltar em nós podemos superar com dedicação e amor.
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